Skip to main content

ABUSO INFANTIL – A RESPONSABILIDADE DO CORPO GOVERNANTE

By 25. Setembro 2021O Corpo Governante

-REVISÃO-

O abuso infantil é listado como um pecado de desassociação no livro Pastoreiem o Rebanho de Deus. Das diferentes referências desse abuso no livro, apenas porneia, [no caso] uma relação sexual com o adulto e uma criança, é listada como um pecado de desassociação nas Escrituras Gregas Cristãs.

Este estudo tem duas seções. A primeira seção trata do lado sexual do abuso infantil. Esta seção é curta porque a maioria das referências no livro Pastoreiem o Rebanho de Deus não são pecados de desassociação. E me refiro ao estudo detalhado da imoralidade sexual (porneia) que será postado neste site.

A outra seção trata da extrema negligência para com os menores de idade. E visto que os membros do Corpo Governante estão envolvidos nisso, a seção é um tanto longa.

Definir a expressão “extrema negligência” é difícil porque a expressão é difusa e ambígua. Mas há uma área em que o Corpo Governante é culpado de extrema negligência de um determinado grupo de menores em grande escala e, portanto, é culpado de abuso infantil. O primeiro passo desse abuso é a campanha de batismos de crianças. A segunda etapa é a nomeação de muitas dessas crianças e menores como pioneiros [ministro de tempo integral]. O serviço de pioneiro exige tanto das crianças e dos menores de idade que pode ser classificado como “trabalho infantil”. Priva as crianças de sua infância e impede que tenham uma boa educação primária.

A opinião expressa pela filial na Escandinávia é que apenas aqueles que são maduros o suficiente para entender a responsabilidade do batismo devem ser batizados. Esta é uma visão equilibrada e foi praticada na maior parte do século 20. Mas na última parte do século 20 e no século 21, o batismo de crianças foi praticado. Dou vários exemplos de crianças entre oito e doze anos que foram batizadas.

Para se casar, a pessoa deve ter 18 anos. Uma criança com 12 anos ou menos não é madura o suficiente para se casar. Na Bíblia, Jeová muitas vezes compara seu relacionamento com seus servos na Terra a um casamento, visto que a dedicação e o batismo representam uma renúncia de si mesmo e o compromisso de estabelecer um relacionamento permanente e vinculativo com Deus – algo que é ainda mais sério e mais importante do que um casamento entre marido e mulher. A maioria das sociedades proíbe crianças de 12 anos, por exemplo, de se casar porque não são maduras o suficiente. Então, por que tais crianças deveriam ser forçados a entrar em um vínculo mais sério com o Todo-Poderoso? Obviamente, esses pequenos jovens não são maduros o suficiente para assumir a responsabilidade do batismo. Na minha visão, se uma pessoa for madura o suficiente para ser batizada antes de chegar ao final da adolescência, isso é uma rara exceção.

O segundo passo para o abuso infantil é designar crianças pequenas como pioneiras. Nos EUA, em 2012, havia 212 pioneiros regulares com 12 anos ou menos, e dois deles tinham sete anos. Havia também 6.844 pioneiros entre 12 e 18 anos. Isso mostra que as crianças e menores de idade no serviço de pioneiro é algo comum.

Calculo que uma criança usa cerca de 160 horas por mês para sua educação primária – horas na escola, preparação e viagens entre a escola e casa incluídas. Um pioneiro regular usa cerca de 150 horas em seu serviço – horas usadas na pregação, preparação e viagens incluídas. Isso significa que uma criança que é pioneira usa cerca de 10 horas por dia para esse serviço e para a escola.

Isso mostra que serviço pioneiro para crianças é o mesmo que trabalho infantil e é um abuso de crianças. As crianças e menores de idade são privados da infância e não têm tempo para obter uma boa educação primária.

ABUSO SEXUAL DE CRIANÇAS

O abuso sexual de crianças é um pecado grave e uma perversão, como mostra o livro Pastoreiem o Rebanho de Deus. As Testemunhas de Jeová foram acusadas de abuso infantil em grande escala e de encobrir situações de abuso infantil.

Cooperando com as autoridades em casos de abuso na Noruega

Embora tenham ocorrido casos de abuso sexual de crianças, parece claro que os inimigos das TJs e a imprensa em vários casos tentaram transformar um moinho de vento em uma montanha. No que diz respeito à Noruega, posso falar por experiência própria, mas não tenho conhecimento do que aconteceu em outros países.

Na década de 1990, o abuso de crianças foi levado ao conhecimento dos anciãos. Nos vinte anos seguintes, os anciãos receberam várias cartas discutindo o assunto. E foram advertidos a cooperar com as autoridades. Se um irmão fosse acusado de abuso infantil, os anciãos não poderiam tomar nenhuma ação judicativa contra o irmão se não houvesse duas testemunhas. Mas qualquer acusação desse tipo ainda deve ser relatada à polícia. Os anciãos não tinham o direito nem a competência de investigar tais acusações, mas a polícia poderia fazer isso.

É uma ocorrência rara entre as Testemunhas de Jeová quando uma criança é abusada [sexualmente]. Mas quando isso acontece, os anciãos são instruídos a cooperar totalmente com as autoridades. Estou ciente de apenas um caso de encobrimento. O superintendente de distrito foi enviado pela filial para investigar um caso de abuso infantil. Prometeu aos envolvidos que haveria transparência e que as autoridades seriam informadas. Um dos envolvidos e em cujas palavras confio me disse que os irmãos que auxiliavam o superintendente de distrito estavam encobrindo a situação e as autoridades não foram informadas.

Abuso de crianças e desassociação

Todas as ações mencionadas no livro Pastoreiem o Rebanho de Deus como abuso infantil são ações abomináveis, e eu acredito que uma pessoa culpada por uma dessas ações pode ser indiciada em um tribunal norueguês e punida.

No entanto, se aceitarmos a Bíblia como nossa única autoridade, somente a ação descrita pela palavra grega porneia é uma ação sobre a qual os anciãos podem agir e pode levar à desassociação da congregação cristã. A palavra porneia é definida como “imoralidade sexual” [fornicação] e inclui uma relação sexual entre duas pessoas que não são casadas uma com a outra.

A definição “extrema negligência de um dos pais para com um filho” também é uma ação abominável. Mas não está listado nas Escrituras Gregas Cristãs como um pecado de desassociação.[1] Além disso, como acontece com tantas definições de pecados de desassociação fornecidos pelo CG, esta definição não é clara e é ambígua. Isso significa que os anciãos linha-dura podem ver as diferentes ações de um pai como “extrema negligência”, enquanto outros anciãos têm uma opinião diferente. Portanto, algumas Testemunhas de Jeová seriam desassociadas por causa da intuição dos anciãos específicos que por acaso fazem parte da comissão.

Algumas ações, porém, são tão ruins que representam claramente “negligência extrema”. Por exemplo, se um pai dá a um filho pequeno menos comida e roupas do que ele precisa e chuta regularmente o filho a ponto de sangrar, isso é “negligência extrema”.

Além disso, se o menino ou a menina está fazendo trabalho infantil a ponto de a criança ser privada de recreação e descanso, e de educação primária, isso também é universalmente considerado como negligência extrema. A seguir, mostrarei como o Corpo Governante é culpado de abuso infantil ao permitir que crianças pequenas se envolvam em “trabalho infantil” sancionado.

 

A NEGLIGÊNCIA EXTREMA DAS CRIANÇAS

Duas das definições de “abuso infantil” no livro Pastoreiem o Rebanho de Deus são “abuso de menores” e “extrema negligência de um dos pais para com um filho”. Nenhuma dessas coisas exige ações de desassociação de acordo com as Escrituras Gregas Cristãs. Além disso, assim como muitos pecados de desassociação que o CG criou e inventou, essas definições são difusas e ambíguas. Isso significa que os pontos de vista pessoais dos anciãos em uma congregação, que em sua maioria não são treinados para lidar com casos judicativos com competência, serão o fator decisivo para determinar se uma Testemunha será desassociada ou não.

Embora as definições mencionadas não sejam pecados de desassociação, elas representam abuso infantil. E é irônico e triste dizer que os próprios membros do CG são culpados de abuso infantil, em nome de Jeová, em grande escala por causa de sua “extrema negligência” de um determinado grupo de crianças. As ações do CG podem ser comparadas ao incentivo e facilitação do “trabalho infantil”, e os efeitos colaterais são os mesmos do trabalho infantil secular.

A Wikipedia fornece a seguinte definição de trabalho infantil:

Trabalho infantil refere-se ao emprego de crianças em qualquer trabalho que priva-as da sua infância, interfere na capacidade de frequentar a escola regularmente e é considerado mentalmente, fisicamente, socialmente ou moralmente perigoso e prejudicial.[1]

O primeiro passo no caminho para o abuso infantil é a campanha do CG para batizar crianças em uma idade precoce. O segundo passo é que crianças de praticamente qualquer idade, algumas com até sete anos de idade, estão sendo designadas como pioneiras. Isso é, na verdade, trabalho infantil. E a consequência disso é que essas crianças são privadas de sua infância e, enquanto frequentam a escola, a qualidade de seu aprendizado é prejudicada por causa de todo o tempo que devem usar em seu serviço de pioneiro. Isso representa extrema negligência com esses menores.

Muitas Testemunhas de Jeová reagiriam ao que escrevi apontando que as coisas espirituais são mais importantes do que assuntos seculares, como ir à escola. Para alguns, minhas palavras parecerão um caso de preocupações espirituais versus preocupações materialistas, estando eu a apoiar a última causa. No entanto, cito aqui o que a brochura Testemunhas de Jeová e Educação, p. 4-5, publicada pelo CG, disse sobre educação:

Assim como todos os pais, as Testemunhas de Jeová preocupam-se com o futuro dos filhos. Portanto, dão muita importância à educação. “A educação deve ajudar as pessoas a se tornarem membros úteis da sociedade. Deve também ajudá-las a valorizar sua herança cultural e a viver uma vida mais satisfatória.”

Os anos passados na escola preparam os filhos para as responsabilidades que terão de assumir na vida. As Testemunhas de Jeová acham, por isso, que a educação deve ser levada muito a sério.

Portanto, não é uma questão de prioridades seculares versus espirituais quando se trata da educação de uma criança e das horas de lazer da infância. Essas coisas são cruciais para o bem-estar mental, emocional e psicológico da criança. Quando uma criança também é ensinada a amar a Jeová, ao mesmo tempo em que tem permissão para se desenvolver naturalmente e se tornar um adulto maduro, é mais provável que ela se torne um adulto psicologicamente, emocionalmente e espiritualmente sadio. Tomar atalhos, no entanto, forçando as crianças a avançar, mesmo espiritualmente, mais rápido do que sua constituição psicológica permite, pode resultar em efeitos psicológicos prejudiciais que se manifestam mais tarde na idade adulta.

 

O primeiro passo no caminho para o abuso infantil é o batismo em uma idade precoce

A visão do batismo infantil mudou nos últimos anos do século 20. A nova visão nem sempre é aceita pelos representantes da Sociedade Torre de Vigia. No entanto, a nova visão é a posição oficial do CG conforme encontrada na literatura da Torre de Vigia.

A visão da filial escandinava sobre o batismo

A filial escandinava das Testemunhas de Jeová havia solicitado uma reunião com representantes do ministro norueguês para crianças e famílias. O objetivo era corrigir algumas informações incorretas sobre as TJs que foram apresentadas em um programa de TV. Após a reunião, as TJs enviaram uma carta ao ministro para responder a algumas perguntas.

Uma pergunta era: “Quantos anos uma pessoa deve ter para ser batizada? Se uma pessoa pode ser batizada antes dos 18 anos, ela pode ser desassociada? Existe um limite de idade para a desassociação?” A resposta foi:

As Testemunhas de Jeová não batizam crianças. Portanto, para ser batizado, é preciso ter idade suficiente para entender o que a Bíblia ensina, acreditar nisso e tomar a decisão de viver de acordo com isso. Isso é algo que uma criança não pode fazer. Quando os filhos ficam mais velhos, podem, em determinado momento, decidir ser batizados. Mas antes que eles possam tomar tal decisão, eles devem ser maduros o suficiente para entender a responsabilidade que assumem.

Esta é uma boa resposta. Que uma pessoa deve ser madura o suficiente para entender a responsabilidade que o batismo leva é, obviamente, muito importante. Isso foi praticado durante a maior parte do século 20. Mas na última parte do século 20 e no século 21, o CG liderou uma campanha que, para todos os efeitos práticos, rejeitou flagrantemente a importância da maturidade como um requisito para o batismo. Além disso, o CG colocou sobre os ombros das crianças uma responsabilidade que elas são simplesmente muito novas para carregar. Vou elucidar isso.

Batismo de crianças no século 20

A palavra “crianças” é usada para pessoas com menos de 18 anos.[2] Qual era a visão do batismo de crianças e menores de idade nos anos após a Segunda Guerra Mundial? O artigo “A Juventude na Sociedade do Novo Mundo” em A Sentinela de 1º de dezembro de 1956, página 227, par. 15 diz:

  1. . . Algumas talvez perguntem, então: Seria correto que eu, cedo na minha adolescência, faça tal voto de dedicação e a simbolize pela imersão em água? Visto que muitas crianças estão sendo batizadas cada ano nas assembléias de circuito e em outros congressos do povo de Jeová, pode-se dizer que este é o proceder correto a ser adotado por êstes ministros jovens? Naturalmente, se não souberem na sua própria mente o que estão fazendo, então não estão prontos para dar este passo vital e importante. Não se pode indicar uma idade de definida em que o batismo ou a dedicação é apropriada. Se a criança tiver conhecimento sôbre o Deus Todo-poderoso, Jeová, e sôbre seus propósitos justos, e aderir fielmente aos princípios retos estabelecidos na Sua Palavra, se a criança tiver atingido a idade da discrição e desejar fazer a dedicação a Jeová, é correto que faça isso e é então próprio dar o passo do batismo em água.

Esta é uma boa descrição dos requisitos para o batismo cristão, e os pontos mencionados são:

  • Sem idade definida;
  • O batismo desde o início da adolescência é possível;
  • Deve saber o que estão fazendo;
  • Deve ter conhecimento suficiente de Deus;
  • Chegou à idade da responsabilidade;
  • Segue fielmente os princípios da palavra de Deus;

A única exceção que aceitarei é que a maioria das crianças no início da adolescência ainda não atingiu a idade da responsabilidade.

A Sentinela de 1º de fevereiro de 1966, páginas 88-89, pars. 21-22, tem um aviso em relação a pessoas que consideram ser batizadas desde cedo:

21 Os fatos mostram que, em muitos casos, tratam-se de pessoas jovens, ou talvez de filhos de pais dedicados, por isso, pessoas bem a par da esperança de vida num paraíso restaurado. As vezes, estes jovens, talvez adolescentes foram batizados, pretendendo estar dedicados. Daí, pouco depois, desaparecem da vista no que toca às testemunhas de Jeová. Tornam-se inteiramente absortos nos modos e nos prazeres mundanos, às vezes entregando-se à conduta vergonhosa, trazendo vitupério aos pais. Então os pais, com grande tristeza, suscitam a pergunta de se seu filho ou sua filha jovem realmente entendeu o significado da dedicação e do batismo. Mas, não é esse um tempo inadequado para suscitar tal pergunta? Não deveriam eles ter-se assegurado disso naquela ocasião passada? É tão fácil os jovens assumirem algo com grande entusiasmo por certo tempo, então: assumirem algo mais com igual entusiasmo. Provam apenas o que a vida tem a oferecer, inclusive as atrações deste mundo, com seus sonhos e vaidades. (Ecl. 4:7) São suscetíveis às sugestões. Vêem outros de sua idade serem imersos, assim, por que não eles? Com seu conhecimento da verdade, acham que podem dizer Sim às duas perguntas propostas na ocasião da imersão. Mas, será que se pode dizer que, nesse estágio, apreciam realmente o que significa dar o passo da dedicação como perpétuo “voto a Deus”, para fazer a Sua vontade para sempre, envolvendo sua vida inteira? Diz a escritura: “Melhor é que não votes do que votes e não pagues”, argumentando que “foi erro”. “Por que razão se iraria Deus contra a tua voz, de sorte que destruísse a obra das tuas mãos?” É justamente isso o que aconteceu ao filho pródigo. — Ecl. 5:4-6, Al.

22 Naturalmente, as pessoas, inclusive as jovens, variam grandemente. Em idade surpreendente, algumas podem assumir o sério conceito das coisas e apegar-se a ele. Há exemplos bíblicos disto, como o de Samuel. Não podemos fixar uma regra geral ou limite de idade. Cada um na família precisa ser tratado individualmente. Ao mesmo tempo, queremos evitar um proceder que, com efeito, tenda a produzir filhos pródigos.

O artigo tem vários pontos delicados. O motivo desse artigo evidentemente era que vários jovens, alguns no início da adolescência, haviam sido batizados. E depois de um curto período, eles deixaram a congregação e se tornaram parte do mundo.

As razões apresentadas são importantes. Os jovens são suscetíveis a sugestões, fazem algo com grande entusiasmo por um tempo, depois começam a fazer outra coisa com entusiasmo ainda maior. Esses jovens são inexperientes e não são maduros o suficiente para assumir a responsabilidade do batismo.

Minha experiência em 1961, quando me tornei Testemunha de Jeová, e durante a maior parte do século 20, é que a visão de batizar pessoas com menos de 18 anos era bastante equilibrada. E não houve campanha para que as crianças fossem batizadas em tenra idade.

 

Batismo de crianças pequenas na última parte do século 20 e no século 21

Algo deve ter acontecido dentro do CG no final dos anos 1980 porque várias coisas estranhas ocorreram dentro da organização, incluindo o foco no batismo de crianças pequenas.

Cada artigo de A Sentinela tem um propósito específico e é cuidadosamente examinado. Quando as ilustrações mostram pessoas com roupas, as roupas são recatadas e mostram como uma TJs deve se vestir. E quando são mencionados exemplos de comportamento, o objetivo é mostrar que esse tipo de comportamento é o que as Testemunhas devem ter. Quando exemplos de batismos em uma idade precoce são retratados, esses também são exemplos destinados a enviar uma mensagem sobre o que deve ser feito. Em conexão com o batismo, lemos em A Sentinela de 15 de abril de 1987, páginas 13-14, par. 15:

15 ‘O que acontecerá, porém, se meu filho ou minha filha forem batizados quando jovens e depois esfriarem?’ perguntam-se alguns pais. Os jovens certamente não devem ser batizados só para agradar aos pais ou porque alguns amigos o são. No entanto, José, Samuel, o Rei Josias e Jesus, ainda adolescentes, tinham todos um conceito sério sobre a adoração de Deus e se apegaram a ela. (Gênesis 37:2; 39:1-3; 1 Samuel 1:24-28; 2:18-21; 2 Crônicas 34:3; Lucas 2:42-49) Nos tempos modernos, uma cristã de nome Jean foi batizada quando tinha apenas dez anos de idade. Anos mais tarde, quando se lhe perguntou se ela realmente havia compreendido o passo dado, Jean respondeu: “Eu sabia que amava a Jeová, apreciava o que Jesus fez por nós e queria servir a Jeová.” Desde o seu batismo, ela já serve fielmente por uns 40 anos. Cada jovem é uma pessoa individual; não se pode fixar um limite de idade como norma. Os pais devem esforçar-se a atingir o coração do filho ou da filha, ajudando a ele ou a ela a desenvolver a devoção piedosa. Não somente devem manter diante dos filhos o privilégio da dedicação e do batismo, mas devem também fortalecê-los para serem firmes adoradores.

Os exemplos de crianças batizadas continuam na literatura, e em A Sentinela de 15 de março de 1988, página 14-15, pars. 20-21, lemos:

Um bebê não entenderia que o espírito santo é a força ativa de Deus; tampouco poderia arrepender-se de pecados passados e fazer um voto solene de fazer a vontade de Deus.

21 Mas, parece que alguns dentre o povo de Jeová têm ido ao outro extremo. Muitos pais cristãos esperam que seus filhos atinjam quase o fim da adolescência para só então tocar no assunto do batismo. Vez após vez ouve-se falar de jovens que fazem uma dedicação válida inteiramente por iniciativa própria. Por exemplo, o filho pré-adolescente de um ancião desejava sinceramente ser batizado. Assim, seu pai providenciou que três outros anciãos considerassem com o jovem as perguntas destinadas aos que cogitam o batismo. A conclusão deles foi que, embora fosse bem jovem, ele se habilitava para ser batizado como ministro ordenado de Jeová Deus. Ora, cursando a Escola do Serviço de Pioneiro nas Bahamas, recentemente, havia uma menina batizada de dez anos de idade, filha dum casal de ministros de tempo integral!

Nos últimos anos, o CG lançou uma campanha em favor do batismo precoce de crianças. Um exemplo é Mark Sanderson que, como superintendente zonal, deu palestras nas quais exortava os pais a ajudarem seus filhos pequenos a serem batizados. A Sentinela de março de 2016, página 3, par. 1, tinha um artigo intitulado: “Você está pronto para se batizar?” O artigo dizia:

“EU VI você crescer, então fico muito feliz de saber que você quer se batizar! Mas me diga uma coisa: ‘Por que você quer fazer isso?’” Essa foi a pergunta que um ancião fez a Christopher, um jovem de 12 anos. E realmente foi uma boa pergunta. Com certeza ficamos muito felizes de ver que, todo ano, milhares de jovens no mundo inteiro se batizam. (Ecl. 12:1) Mas, ao mesmo tempo, os pais cristãos e os anciãos precisam ter certeza de que os jovens estão dando esse passo porque realmente querem.

O Anuário de 2017, página 26, contém outro exemplo de batismo de uma criança:

Kodi, que mora na Inglaterra, diz: “Muito obrigado. Eu sei que vocês gastam bastante tempo fazendo os vídeos do Pedrinho e da Sofia, o site e a TV JW. Obrigado também por deixar a Bíblia mais fácil de entender. Eu me batizei quando tinha 8 anos. Quando eu for um pouco mais velho, eu vou trabalhar na construção de Salões do Reino! Também quero trabalhar em Betel. Não falta muito, eu já tenho 9 anos.

Esses exemplos na literatura da Torre de Vigia de crianças que foram batizadas com 8, 10 e 12 anos de idade ou menos são lidos por pais e filhos. E eles dão um exemplo para outros pais e filhos considerarem e imitarem.

As crianças entre 8 e 12 anos são qualificadas para serem batizadas?

A carta da filial escandinava para o ministro norueguês da família e das crianças dizia que as pessoas que vão ser batizadas devem ser “maduras o suficiente para compreender a responsabilidade que assumem”. E A Sentinela de 1º de fevereiro de 1966, páginas 88-89, pars. 21-22, disse que a dedicação a Jeová é um “perpétuo voto a Deus” de fazer a sua vontade para sempre, envolvendo toda a sua vida.

Será mesmo que crianças entre 8 e 12 anos são maduras o suficiente para entender plenamente o que significa dedicar a vida a Jeová para sempre? Responderei fazendo outra pergunta: Será que uma criança entre 8 e 12 anos tem idade suficiente para se casar e prometer ao cônjuge ser fiel a ele enquanto viverem? O fato de muitos adultos maduros terem feito a mesma promessa e se sentirem incapazes de cumpri-la sugere uma resposta a tal pergunta.

Com relação ao casamento, o governo norueguês escreve:

A pessoa que vai se casar deve ter 18 anos. Este é um limite de idade absoluto e nenhuma dispensa será dada.[3]

Com relação a esse limite de idade, citarei mais uma vez A Sentinela de 1º de fevereiro de 1966, páginas 88-89, pars. 21-22,

É tão fácil os jovens assumirem algo com grande entusiasmo por certo tempo, então: assumirem algo mais com igual entusiasmo. Provam apenas o que a vida tem a oferecer, inclusive as atrações deste mundo, com seus sonhos e vaidades. (Ecl. 4:7) São suscetíveis às sugestões

Nenhuma pessoa com idade igual ou inferior a 12 anos tem maturidade suficiente para se casar. E a par disso, direi com certeza que nenhuma criança a partir dos 12 anos ou menos tem maturidade para compreender e assumir a responsabilidade de ser batizada. Não há exceção. Do meu ponto de vista, direi que se uma criança abaixo da adolescência tiver maturidade suficiente para ser batizada, isso será uma rara exceção.

O problema de incentivar crianças pequenas a serem batizadas é que uma grande responsabilidade é colocada sobre seus ombros, uma responsabilidade que elas não podem carregar. Em muitos casos, isso pode dificultar o crescimento psicológico que deve ocorrer durante a adolescência. Em alguns casos, o batismo precoce funcionará bem, como no caso de Jean, que foi batizado aos dez anos, conforme mencionado acima. Mas, em muitos casos, funcionou de maneira ruim, levando à desassociação ou ao enfraquecimento da fé em Deus.

 

O segundo passo no caminho para o abuso infantil é designar crianças pequenas como pioneiras

Embora o batismo de crianças pequenas possa ser ruim para algumas dessas crianças, discutirei agora um lado dessa questão que é ruim para todos. Esta é a designação de crianças pequenas como pioneiras. Na verdade, trata-se de “trabalho infantil” porque ocupa grande parte do tempo e da força das crianças. O serviço de pioneiro pode privar crianças de sua infância e impedi-las de ter uma boa educação primária, o que lhes permitirá se tornarem mais úteis a Jeová mais tarde, como adultos espirituais completos.

Exemplos de crianças pioneiras

Na organização das Testemunhas de Jeová, há ministros de tempo integral chamados de “pioneiros regulares” com apenas sete anos de idade, e darei alguns exemplos de jovens pioneiros diretamente da literatura das Testemunhas de Jeová. A Sentinela de 15 de março de 1988, páginas 14, 15, par. 21, diz:

Mas, parece que alguns dentre o povo de Jeová têm ido ao outro extremo [no que tange ao batismo de menores]. Muitos pais cristãos esperam que seus filhos atinjam quase o fim da adolescência para só então tocar no assunto do batismo. Vez após vez ouve-se falar de jovens que fazem uma dedicação válida inteiramente por iniciativa própria. Por exemplo, o filho pré-adolescente de um ancião desejava sinceramente ser batizado. Assim, seu pai providenciou que três outros anciãos considerassem com o jovem as perguntas destinadas aos que cogitam o batismo. A conclusão deles foi que, embora fosse bem jovem, ele se habilitava para ser batizado como ministro ordenado de Jeová Deus. Ora, cursando a Escola do Serviço de Pioneiro nas Baamas [Bahamas], recentemente, havia uma menina batizada de dez anos de idade, filha dum casal de ministros de tempo integral!

A Sentinela de 15 de fevereiro de 1995, página 25, diz:

Na verdade, tanto os jovens que foram criados na verdade como os que não foram parecem levar a sério sua adoração a Deus. Veja o caso de Tamar e sua irmã Keila. Ambas foram batizadas aos 10 anos, e aos 11 já estavam no ministério de tempo integral, como pioneiras. Wendy Carolina tinha 12 anos quando simbolizou sua dedicação pelo batismo em água, e dois anos depois, em 1985, tornou-se pioneira regular. Ela continua no ministério de tempo integral, e é uma instrutora eficiente. O jovem Jovanny, que se batizou aos 10 anos e tornou-se pioneiro regular aos 11, dirige quatro estudos bíblicos domiciliares. Quando Rey, de dez anos, descobriu que um vendedor de livros de segunda mão tinha um folheto publicado pelas Testemunhas de Jeová, implorou que sua mãe o comprasse para ele. Leu o folheto de capa a capa. Procurando mais publicações bíblicas, acabou entrando em contato com a congênere. Hoje ele está no serviço de tempo integral, e sua mãe também serve a Deus.

O Anuário de 2001, página 221, diz:

Os jovens também estão mostrando zelo em pregar a Palavra. Elber Heguía, um irmão de 13 anos de idade, já por dois anos é pioneiro na Congregação Central, em San Pedro, na província de Jujuy [na Argentina].

A primeira citação menciona uma menina de dez anos que era pioneira e frequentava a Escola de Serviço de Pioneiro. Para frequentar essa escola, a pessoa deve iniciar o serviço de pioneiro antes do mês de setembro do ano anterior.[4] Isso significa que essa menina deve ter começado a servir como pioneira quando tinha nove anos. A segunda citação fala de Tamar, Keila e Jovanny, que se tornaram pioneiros aos 11 anos, e Wendy Carolina, que começou a ser pioneira aos 14 anos. A terceira citação fala de Elber Heguía, que começou a ser pioneiro aos 11 anos.

Devemos encarar esses exemplos de crianças que foram pioneiras regulares como exceções? Por serem mencionados na literatura da Torre de Vigia, devem ser tomados como exemplos a serem seguidos por outros. O fato de crianças pequenas servirem como pioneiras não é exceção. Isso foi mostrado na adoração matinal no Betel de Brooklyn na quarta-feira, 3 de outubro de 2012. Referindo-se aos EUA, o presidente disse que havia 212 pioneiros com 12 anos ou menos, e dois deles tinham apenas sete anos de idade. Também houve 6.844 pioneiros entre 12 e 18 anos.

Mas por que digo que essa situação com tantos jovens pioneiros representa abuso infantil? Isso ocorre porque a Wikipédia define o trabalho infantil como “qualquer trabalho que priva-as da sua infância, interfere na capacidade de frequentar a escola regularmente”. E esse é o caso de crianças pequenas que servem como pioneiras.

 

A semelhança entre o trabalho infantil e o serviço pioneiro às crianças

O que a Sociedade Torre de Vigia espera de um pioneiro regular? Até 1999, a exigência era que um pioneiro usasse 1.000 horas durante um ano para pregar a outras pessoas. Isso significa um requisito de pregar 83 horas por mês, ou se o pioneiro tira férias de quatro semanas por ano com pregação limitada, ele ou ela precisa gastar cerca de 90 horas por mês para pregar as boas novas do Reino.

Em 1999, a exigência de horas de pregação foi reduzida para 840 horas por ano.[5]

A necessidade de as crianças terem uma boa educação, recreação e descanso

A revista Despertai! de 22 de maio de 1999 publicou um artigo sobre o trabalho infantil. Na página 11, o artigo discutiu como os pais educavam seus filhos no antigo Israel e como os filhos também encontraram tempo para brincar:

Certamente, as crianças nos tempos bíblicos tinham muito o que fazer. À medida que os meninos cresciam, o pai lhes ensinava agricultura ou um ofício, como a carpintaria. (Gênesis 37:2; 1 Samuel 16:11) No lar, as meninas aprendiam das mães as prendas domésticas, valiosas na vida adulta. Raquel, a esposa de Jacó, era pastora de ovelhas quando mocinha. (Gênesis 29:6-9) Moças trabalhavam nas colheitas de cereais e nos vinhedos. (Rute 2:5-9; Cântico de Salomão 1:6) Geralmente, esse trabalho era realizado sob a supervisão amorosa dos pais e era conjugado com a educação.

Ao mesmo tempo, as crianças em Israel conheciam as alegrias da descontração e dos divertimentos. O profeta Zacarias falou de ‘praças públicas cheias de meninos e de meninas brincando’. (Zacarias 8:5) E Jesus Cristo falou de criancinhas que se sentavam nas feiras, tocavam flauta e dançavam. (Mateus 11:16, 17) O que havia por trás dessa maneira digna de tratar as crianças?

Sobre a situação das crianças hoje, a revista diz na página 13:

Naturalmente, nossos tempos são “críticos, difíceis de manejar”. (2 Timóteo 3:1-5) Devido a duras realidades econômicas, em muitos países até mesmo famílias cristãs talvez achem necessário que seus filhos trabalhem. Como já mencionado, não há nada de errado com o trabalho que seja sadio e educativo para as crianças. Tal trabalho pode promover ou fortalecer o desenvolvimento físico, mental, espiritual, moral ou social da criança sem prejudicar os estudos, a recreação equilibrada e o necessário descanso.

Sem dúvida, os pais cristãos querem que seus filhos trabalhem sob a sua própria supervisão prestimosa, em vez de como verdadeiros escravos de feitores cruéis, insensíveis ou inescrupulosos. Tais pais querem ter certeza de que o trabalho de seus filhos não os exponha a abuso físico, sexual ou emocional. Querem também ter seus filhos perto deles. Desse modo podem cumprir o papel de educadores espirituais, que a Bíblia lhes atribui: ‘Tens de inculcar as instruções de Deus a teu filho, e falar delas sentado na tua casa, andando pela estrada, ao deitar-te e ao levantar-te.’ — Deuteronômio 6:6, 7.

O serviço pioneiro impedirá uma boa educação, recreação e descanso

Nesta seção, mostrarei que o serviço de pioneiro para crianças tem o mesmo efeito que o trabalho infantil. Comecei no serviço de pioneiro quando tinha 19 anos e continuei por 15 anos. E eu apreciei muito esse serviço. Mas o que quero dizer é que o serviço de pioneiro não é para crianças.

Vou agora olhar para o tempo que uma criança deve gastar para obter uma boa educação primária, e uso a Noruega como exemplo. No primeiro ano, as crianças gastam 24 horas por semana na escola; no segundo ano, eles gastam 25 horas, e do quinto ao sétimo ano, ficam na escola por 28 horas. Isso significa que as crianças gastam entre 100 e 110 horas para sua educação durante nove meses e meio todos os anos.[6]

A este montante, devemos adicionar duas horas por dia para vestir-se e preparar-se para a escola e para locomover-se até a escola e voltar; isso chega a 40 horas por mês. Para ter uma boa educação, é necessário fazer as lições de casa, e se usarmos o pequeno número de uma hora por dia para fazer a lição de casa, são 20 horas por mês. Somando esses números, vemos que as crianças usam entre 160 e 170 horas por mês para o ensino fundamental.

Tanto as crianças pequenas quanto as mais velhas precisam de recreação; precisam passar tempo com seus amigos, precisam ser capazes de brincar com outras pessoas – simplesmente precisam de uma infância. Se uma criança faz parte de uma família de Testemunhas de Jeová, ela vai às reuniões duas vezes por semana e talvez use algum tempo para se preparar para essas reuniões. Uma criança que é pioneira usará cerca de 75 horas por mês para pregar – incluindo um mês de férias com menos pregação. Ela também dedica tempo ao estudo pessoal de assuntos bíblicos que pode usar em sua pregação. Ela deve se preparar para os estudos bíblicos que dirige e usa muito tempo viajando para os lugares onde está pregando e voltando para casa novamente. Minha experiência é que o tempo extra necessário que a criança ou o menor de idade precisa gastar é mais do que o tempo que ele ou ela usa para pregar.

Mas, para ser conservador, digamos que ele ou ela usa a mesma quantidade de tempo extra que usa para pregar. Isso significa que ele usa 150 horas por mês, ou seja, cinco horas por dia, em seu serviço de pioneiro. Se adicionarmos a isso às 160 horas que uma criança usa para sua educação, descobriremos que a escolaridade e o serviço de pioneiro requerem o uso de 310 horas por mês ou 10 horas por dia. Isso está além da capacidade de qualquer criança porque há pouco tempo para recreação e descanso!

Uma criança na escola primária usa 160 horas por mês para sua educação, incluindo preparação e viagens. Se a criança for pioneira, ela usará 150 horas por mês na obra de pregação, incluindo preparação e viagens. Isso significa que no total a criança usa 10 horas por dia na escola e no serviço de pioneiro. Isso mostra que ser pioneiro para uma criança tem o mesmo efeito negativo que o trabalho infantil.

Quem é o responsável pelo abuso das crianças?

Existem quatro áreas de responsabilidade: 1) a criança tem certa responsabilidade; 2) os pais têm certa responsabilidade; 3) os anciãos têm certa responsabilidade e 4) os membros do Corpo Governante têm a maior responsabilidade. Vou elucidar a responsabilidade citando um artigo de A Sentinela de 15 de setembro de 2006, página 30, que discute se uma Testemunha que matou outra pessoa com seu carro tem culpa de sangue:

Para ilustrar: Se o tempo estivesse ruim na hora do acidente, o motorista deveria ter tomado ainda mais cuidado. Se estivesse sonolento, deveria ter parado o carro e descansado até que não sentisse mais sono, ou deveria ter deixado outra pessoa dirigir.

Suponha que o motorista estivesse em alta velocidade. Se um cristão ultrapassa o limite de velocidade, isso é uma falha em dar a “César as coisas de César”. Também mostra desrespeito à santidade da vida, pois existe a possibilidade de haver conseqüências fatais.

O ponto importante aqui é que todo cristão tem responsabilidade por suas ações e como elas afetam outras pessoas. Se formos descuidados e causarmos danos a outra pessoa, assumimos a responsabilidade por esses danos. Deixar uma criança ou um menor entre sete e 16 anos de idade – quando ele ou ela está no ensino fundamental ou no ensino médio – se tornar um pioneiro ou uma pioneira, é algo extremamente inconsequente. E a pessoa deve assumir a responsabilidade por esse descuido.

A própria criança tem, é claro, certa responsabilidade. Mas, como A Sentinela de 1º de fevereiro de 1966, páginas 88-89, pars. 21-22, disse: “É tão fácil os jovens assumirem algo com grande entusiasmo por certo tempo, então: assumirem algo mais com igual entusiasmo”. As crianças são suscetíveis a sugestões e tendem a ter consciências sensíveis. Com toda a sinceridade, a criança deseja servir a Jeová, mas muitas vezes não consegue ver as consequências de suas ações. Portanto, a meu ver, a criança tem pouca responsabilidade pela situação.

Os pais têm uma responsabilidade maior. Alguns pais são pioneiros e, por isso, podem seguir o exemplo de Ana, que disse: “se olhares para a aflição da tua serva. . . e deres à tua serva um filho, um menino, eu o entregarei a Jeová por todos os dias da sua vida.” (1 Samuel 1:11) Por esse ou por outros motivos, os pais talvez não considerem a educação primária tão importante em comparação com a pregação das boas novas do Reino. Com certeza, o Reino realmente tem um valor maior. Mas uma comparação de valor entre ter uma infância normal e o valor do Reino de Deus é uma falácia do espantalho e está completamente fora de pauta. Como já vimos, para que as crianças cresçam e se tornem adultos psicologicamente saudáveis ​​e bem preparados, elas precisam da infância que Jeová lhes deu para desfrutar. Isso aumentará as chances de crescerem e se tornarem Testemunhas sãs e equilibradas, capazes de assumir mais responsabilidades em relação à pregação do Reino mais tarde na vida – quando estiverem maduras o suficiente para assumir tal responsabilidade (Ecl 3: 1, 4). Tanto a aplicação da situação sem precedentes de Ana às circunstâncias de nosso mundo atual quanto a consideração da educação básica como de pouco valor são pontos de vista desequilibrados que vão contra o que está escrito sobre educação até mesmo na brochura das Testemunhas de Jeová mencionada anteriormente. Portanto, os pais de crianças pioneiras têm uma grande responsabilidade por impor esse “trabalho infantil” a seus filhos.

Os anciãos têm uma responsabilidade maior do que os pais. É dever deles certificar-se de que a pessoa que se candidata ao serviço de pioneiro vive em harmonia com os padrões cristãos de moral e que será capaz de cumprir os requisitos para ser pioneira. Quando recomendam uma criança que ainda está no ensino fundamental ou médio, é dever deles saber que o serviço de pioneiro não é compatível com o trabalho escolar. Curiosamente, quase todos os grupos de anciãos diriam que, em algum ponto ao longo dos anos, eles tiveram que negar a inscrição de um adulto para o serviço de pioneiro porque, em sua avaliação, o trabalho secular do candidato teria causado enorme estresse psicológico no irmão ou irmã. Mesmo nos casos em que o pedido não foi negado, os anciãos podem ter sugerido enfaticamente que o irmão ou a irmã não tentasse trabalhar como pioneiro além dos empregos seculares de tempo integral. E a história das Testemunhas de Jeová está repleta de casos de “esgotamento” de adultos que não podiam fazer as duas coisas – ser pioneiros e manter o trabalho secular em tempo integral. Visto que as crianças são ainda mais frágeis e vulneráveis ​​a tais tensões que consomem tempo, além de terem sua infância roubada, os anciãos possuem uma grande responsabilidade por não agirem em nome das nossas queridas crianças e jovens.

Mas os membros do Corpo Governante têm a maior responsabilidade. Assim como um motorista que dirige de forma descuidada e mata uma pessoa tem culpa de sangue, a glorificação de crianças que se tornaram pioneiras por parte do CG, bem como sua autorização para tais designações pelo que eles escreveram na literatura da Torre de Vigia, só pode ser vista como extrema negligência. A campanha deles no século 21 de batizar crianças em tenra idade e os exemplos exaltados na literatura da Torre de Vigia de crianças pioneiras influenciam crianças sinceras, seus pais e anciãos a ver e promover o serviço de pioneiro como trabalho infantil e como algo exemplar e louvável. E o anúncio no programa de adoração matinal de 3 de outubro de 2012, de que quase 7 mil crianças só nos EUA foram pioneiras, mostra que os anúncios do CG para crianças se tornarem pioneiras estão cumprindo os objetivos.

Permitir que crianças do ensino fundamental ou jovens do ensino médio se tornem pioneiros e pioneiras é o mesmo que colocá-las sob trabalho infantil, pois isso os privará de sua infância e de uma boa educação. Os membros do Corpo Governante têm a responsabilidade máxima pelas crianças que são pioneiras, porque eles, mais do que qualquer outro, promoveram essa ideia e têm influência e poder para pôr fim a isso. Isso significa que os membros do CG estão atualmente incentivando o abuso infantil.

[1] https://pt.wikipedia.org/wiki/Trabalho_infantil

[2] Em português, geralmente usamos a expressão “menores de idade”, para pessoas entre 13 e 17 anos. Contudo, em inglês, o termo children pode se referir a pessoas com até 18 anos de idade. Portanto, traduzi tal termo por “crianças e menores de idade” quando a referência abranger tal grupo.

[3] https://www.regjeringen.no/no/tema/familie-og-barn/innsiktsartikler/ekteskap-og-samliv/mer-informasjon-om-ekteskap/id672620/.

[4] O Ministério do Reino de setembro de 1994, página 1.

[5] O Nosso Ministério do Reino de janeiro de 1999, página 7.

[6] https://www.sarpsborg.com/globalassets/slashsider/skoler/sandesundsveien-b/fag-og-timefordeling.pdf.

CONCLUSÃO

Das definições de abuso infantil no livro Pastoreiem o Rebanho de Deus, apenas porneia, que é a relação sexual, [no caso em questão] entre o adulto e uma criança, é um pecado de desassociação de acordo com as Escrituras Gregas Cristãs.

Neste estudo, o foco está no aspecto de “abuso infantil” no que se tange a ‘extrema negligência de um menor’. O ponto em alta é que os membros do Corpo Governante são culpados de “extrema negligência” de um determinado grupo de crianças entre as Testemunhas de Jeová, ao promover e facilitar uma forma de trabalho infantil que é prejudicial à saúde psicológica e ao bem-estar dessas crianças. E, ao fazer isso, os membros do CG são culpados de abuso infantil.

O primeiro passo desse abuso foi a campanha do século 21 de batizar crianças em tenra idade, com apenas sete anos. O segundo passo foi a designação de crianças pequenas, de apenas sete anos, como pioneiras.

Calculei que as crianças na escola primária usam cerca de 160 horas por mês em relação à sua escolaridade. Calculei também que os pioneiros regulares usam cerca de 150 horas por mês em seu serviço de pioneiro.

Isso significa que se uma criança na escola primária for pioneira, ela usará um total de 10 horas por dia para este serviço e sua educação. Isso está além da capacidade de qualquer criança sustentar psicologicamente porque há pouco tempo para recreação e descanso! Uma criança que é pioneira é privada de sua infância, e a qualidade de seu aprendizado é prejudicada por causa de todo o tempo que ele deve usar em seu serviço de pioneiro.

Milhares de crianças estão trabalhando nas “fábricas de trabalho infantil” de serviço de tempo integral como pioneiros entre as Testemunhas de Jeová, conforme promovido e sancionado pelo CG, porque isso é o equivalente psicológico do trabalho infantil. Visto que esses pioneiros são nomeados com as bênçãos dos membros do CG, esses membros são responsáveis ​​por seu trabalho infantil. E isso significa que os membros do CG são culpados de abuso de crianças.

Dette er en eksempeltekst til nettsiden. Når du skriver tekst til nettsiden så er det viktig å huske på at det både er en potensiell kunde som leser dette, men også Google skal «lese» denne teksten. Prøv å skriv innhold som er informativ for det produktet eller den tjenesten du tilbyr, der søkeord, fraser og setninger flettes inn på en naturlig og lettleselig måte.

Rolf Furuli

Author Rolf Furuli

More posts by Rolf Furuli

Leave a Reply